Até 2014, a imagem da personagem Malévola era associada como uma vilã que amaldiçoou uma pobre princesa por puro ego, porém, a Disney redimiu a personagem e mostrou ao público uma personagem cheia de sentimentos e mágoas. Infelizmente, o DNA recombinante ainda não teve sua redenção perante parte da sociedade, embora a comunidade científica esteja sempre o defendendo.
A polêmica do DNA recombinante se dá por conta dos transgênicos, erroneamente difundidos como uma criação maldosa dos cientistas. Como no remake da Malévola, venho lhe explicar, caro leitor, sobre o DNA recombinante e sua importância para a sociedade.
Os seres vivos contém um código, o código genético, que pode ser DNA ou RNA. Ele é responsável por armazenar informações essenciais para a vida daquele ser. Compreendendo a base genética do indivíduo, os cientistas observaram a possibilidade de transferir esse código de um ser para outro, pela primeira vez de forma manipulada, sem ser pela reprodução normal.

E como ocorre essa manipulação?
Essa história começa na década de 70, quando um grupo de cientistas da Califórnia produziu o primeiro DNA recombinante, sendo o marco inicial da Engenharia Genética Moderna.
O DNA recombinante é a junção de dois códigos genéticos que não seriam encontrados na natureza. É a junção de um vetor – o qual pode ser um plasmídeo como mostrado na figura acima – com um inserto, código ou gene de interesse. Analogamente, o vetor é como se fosse a caixa de papelão da sua encomenda e, o gene de interesse, a sua própria encomenda. A técnica é basicamente o CTRL+C e CTRL+V dos laboratórios de biologia molecular e engenharia genética.
Todavia, para tal procedimento é necessário o isolamento do seu gene de interesse. O isolamento é realizado por amplificação do código em PCR (Reação em Cadeira da Polimerase), técnica amplamente utilizada também para diagnósticos de doenças. Após a aquisição do gene de interesse, é necessário inseri-lo no vetor e, para isso, são necessárias enzimas de restrição, que são como as “tesouras” do processo. Elas irão abrir o vetor para que o gene de interesse possa entrar nesse vetor. Além disso, é preciso “colar” o gene no vetor, o que é desempenhado por proteínas chamadas ligases. Esse Frankenstein molecular é geralmente inserido em uma bactéria capaz de multiplicá-lo e armazená-lo em suas células. Dessa forma, as proteínas recombinantes produzidas poderão ser utilizadas para diversos fins, a depender da finalidade para a qual foram projetadas.

Um produto muito importante que veio de um DNA recombinante é a insulina! A insulina é um hormônio produzido no pâncreas e pessoas que são diabéticas tem deficiência de produção desse hormônio. Assim, é necessária a injeção deste hormônio para a sobrevivência destas pessoas. Antigamente, a insulina era purificada de pâncreas de gado ou porcos. Contudo, eram precisos aproximadamente 27 mil animais para conseguir 500 gramas de insulina. Diante disso, desenvolveu-se a produção de insulina em bactérias através da tecnologia do DNA recombinante, onde se isolou o gene da insulina e a inseriu em um plasmídeo.
Portanto, o DNA recombinante veio para oportunizar a criação de novos organismos e produtos que não seriam encontrados na natureza. Uma biotecnologia que salva a vida de inúmeras pessoas.

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Referências:
Biotecnologia aplicada à saúde, v. 2 : fundamentos e aplicações. São Paulo: Blucher, 2015. ISBN 9788521209218.
PIMENTA, C. A. M. Genética aplicada à biotecnologia. São Paulo: Erica, 2015. ISBN 9788536514598.
Biotecnologia farmacêutica : aspectos sobre aplicação industrial. São Paulo: Blucher, 2015. ISBN 9788521208099.